quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Capoeira



A capoeira é uma expressão cultural brasileira que mistura luta, dança, cultura popular e música. Desenvolvida no Brasil por escravos africanos e seus descendentes, é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando os pés, as mãos, a cabeça, os joelhos, cotovelos e elementos ginástico-acrobáticos. Uma característica que a distingue da maioria das outras artes marciais é o fato de ser acompanhada por música. O post de hoje será reservado para este símbolo bem brasileiro, cujo trabalho é acompanhado até fora do país.

A palavra capoeira tem alguns significados, um dos quais refere-se às áreas de mata rasteira do interior do Brasil. Foi sugerido que a capoeira obtivesse o nome a partir dos locais que cercavam as grandes propriedades rurais de base escravocrata. Há, porém, uma enorme polêmica acerca da origem etimológica do termo. Existe a teoria de base lusófona na explicação de alguns etimólogos como sendo originária do português capo, uma vez que, o jogo dançante era praticado por escravos de ganho, vendedores de aves, que assentavam ao chão as gaiolas de seus capos antes da prática. A capoeira já foi motivo de grande controvérsia entre os estudiosos de sua história, sobretudo no que se refere ao período compreendido entre o seu surgimento - supostamente no século XVII, quando ocorreram os primeiros movimentos escravos de fuga e rebeldia - e o século XIX, quando aparecem os primeiros registros confiáveis, com descrições detalhadas sobre sua prática.

A capoeira começa aparentemente no século XVII, na época em que o Brasil era colônia de Portugal. A mão-de-obra africana foi muito utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos do nordeste brasileiro. Muitos destes escravos vinham da região da Angola, também colônia portuguesa. Os angolanos, na África, faziam muitas danças ao som de músicas. Ao chegaram no Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta.

Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escravos brasileiros.A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física.



A capoeira possui três estilos que se diferenciam nos movimentos e no ritmo musical de acompanhamento. O estilo mais antigo, criado na época da escravidão, é a capoeira de Angola. As principais características deste estilo são a música lenta e golpes jogados mais baixos (próximos ao solo). O estilo Regional caracteriza-se pelo mistura da malícia angolana com o jogo rápido de movimentos, ao som do berimbau. Os golpes são rápidos e secos, sendo que as acrobacias não são utilizadas. Já o terceiro tipo de capoeira é o Contemporâneo, que une um pouco dos primeiro estilos. Este último é praticado na atualidade.

Não poderíamos terminar este post sem comentar o recente filme "Besouro: nasce um herói". A história retrata a vida do capoeirista Manuel Henrique Pereira, nascido no Recôncavo Baiano, e conhecido algum tempo depois como Besouro Mangagá. Por jogar capoeira numa época em que a prática era proibida pela polícia e os negros ainda eram perseguidos (mesmo depois da Abolição da Escravatura), Besouro ficou conhecido por sempre se sair bem quando enfrentava os policiais, dando origem ao mito de que ele "voava" e depois sumia. Nota-se o quanto houve esse reconhecimento da cultura negra no país. A morte dele é cercada de controvérsias: enquanto alguns registros indicam que ele foi vítima de uma emboscada, outros afirmam que ele só morreu porque foi esfaqueado por uma faca de ticum, madeira nobre e dura, tida no universo de religiões afro brasileira como a única capaz de matar um homem de "corpo fechado".

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Autores afro-brasileiros contemporâneos

O post de hoje será sobre dois autores negros e que escrevem sobre a condição afro-brasileira: Éle Semog e Cuti.

Éle Semog (Luiz Carlos Amaral Gomes) nasceu no Rio de Janeiro em 1952. Formou-se em Análise de Sistemas e especializou-se em Administração de Empresas. Exerceu, entre 1989 e 1996, a presidência do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP). Fundou, em 1984, o Grupo Negrícia - Poesia e Arte de Crioulo. Foi co-fundador do Jornal Maioria Falante, onde atuou até fins de 1991.

Suas obras individuais são: O arco-íris negro. Rio de Janeiro: Ed. dos Autores, 1979 e Atabaques (poemas, co-autoria José Carlos Limeira). Rio de Janeiro: Ed. dos Autores, 1983/1984; Curetagem (poemas doloridos). Rio de Janeiro: Ed. do Autor,1987. A cor da demanda: poesia afro-brasileira. Rio de Janeiro: Letra Capital, 1997.

Seu nome está presente em várias obras coletivas como nas antologias: Incidente normal. (poemas - grupo Garra Suburbana) Rio de Janeiro: Ed. dos Autores, 1977; Ebulição da escravatura. (poemas) Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978; Cartões e posters de poesias. (grupo Bate-Boca de Poesias) Rio de Janeiro: Ed. dos Autores, 1980; Cadernos negros 3, 4. (poemas e contos) (Org. Cuti) Cadernos negros 6 a 12. (Org. Quilombhoje). São Paulo: Ed. dos Autores, 1980, 81, 83 a 1987 e 1989; Cadernos negros 19 e 20. (poemas e contos) São Paulo: Quilombhoje: Editora Anita, 1996 e 1997; Axé - antologia da poesia negra contemporânea. (Org. Paulo Colina) São Paulo: Global, 1982.

Eis alguns poemas:

ÍNTIMO DADO (A SENHA)
Cada vez que gritam: pobre!
me assusto. Recuo ao canto
mais perto do rés do chão.
Negro, fico sem cor.
Fúria, fico sem fala.
Pois sei que as balas dos patrões,
que as balas dos políticos, da polícia
correm atrás de mim sem-terra
correm atrás de mim sem-teto
correm atrás das minhas razões,
por esses labirintos finitos
enredados de justiça e democracia,
só para eu sair nos jornais,
morto na foto, sangue vazando pelos ouvidos.
Toda vez que eles gritam: pobre!
é a tortura, é o estampido, é a vala.
É a nossa dor que tranqüiliza os ricos.
Alô rapaziada... tem de antenar o dia:
o vento que venta lá, venta cá.


DANÇANDO NEGRO
Não sou festa para os teus olhos
de branco diante de um show!
Quando eu danço há infusão dos elementos
sou razão.
O meu corpo não é objeto,
sou revolução.


OUTRAS NOTÍCIAS
Não vou às rimas como esses poetas
que salivam por qualquer osso.
Rimar Ipanema com morena
é moleza,
quero ver combinar prosaicamente
flor do campo com Vigário Geral,
ternura com Carandiru,
ou menina carinhosa/trem para Japeri.
Não sou desses poetas
que se arribam, se arrumam em coquetéis
e se esquecem do seu povo lá fora.



Cuti, pseudônimo de Luiz Silva, nasceu em Ourinhos, São Paulo, em 31 de outubro de 1951. Formou-se em Letras (Português-Francês) pela Universidade de São Paulo em 1980. Mestre pelo Instituto de Estudos da Linguagem – Unicamp, fez
doutorado na mesma Instituição. Foi um dos fundadores e membro do Quilombhoje Literatura, de 1980 a 1994, e um dos criadores e mantenedores da série Cadernos negros, de 1978 a 1993.

A obra individual do escritor é extensa e variada. Eis algumas de suas obras: Poemas da carapinha. São Paulo: Ed. do Autor, 1978. Publicou depois Batuque de tocaia. São Paulo: Ed. do Autor, 1982 (poemas); Suspensão. São Paulo: Ed. do Autor, 1983 (peça teatral); Flash crioulo sobre o sangue e o sonho. Belo Horizonte: Mazza Edições, 1987 (poemas); Quizila. São Paulo: Ed. do Autor, 1987 (contos); A pelada peluda no Largo da bola. São Paulo: Editora do Brasil, 1988 (novela juvenil); Dois nós na noite e outras peças de teatro negro brasileiro. São Paulo: Eboh, 1991; Negros em contos. Belo Horizonte: Mazza, 1996. Terramara. São Paulo: Ed. dos Autores, 1988 (peça teatral em co-autoria com Arnaldo Xavier e Miriam Alves).

Participou de várias antologias nacionais e estrangeiras, dentre elas Cadernos negros 1 a 4 (Org. Cuti) e 5 a 16 (Org. Quilombhoje). São Paulo: Ed. dos Autores, 1978 a 1993 e dos Cadernos negros de nº 18 a 27. São Paulo: Quilombhoje. Axé - antologia da poesia negra contemporânea (Org. Paulo Colina). São Paulo: Global, 1982; Reflexões sobre a literatura afro-brasileira. São Paulo: Quilombhoje, 1982 / Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, 1985 (ensaios); A razão da chama - antologia de poetas negros brasileiros. São Paulo: GRD, 1986; Criação crioula, nu elefante branco (Org. Cuti, Miriam Alves e Arnaldo Xavier). São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura, 1987 (ensaios); “Breve antologia temática” in O negro escrito (Org. Oswaldo de Camargo). São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura, 1987 (poemas); Schwarze poesie - Poesia negra (Org. Moema Parente Augel). St. Gallen/ Köln: Edition Diá, 1988 (edição bilíngüe alemão/português).


MORRO
Choveu mais da conta. A casa caiu em cima da família.
Perda completa. Vivo, ele restou soterrado de
morte.
Com o tempo pensou na ressurreição, no
renascimento para longe da angústia e das lágrimas.
Casou de novo. Mas caiu, feito barro mole, sobre a
nova família. Impregnou a todos.


UM FATO
Há poetas negros
cujas palavras
tão alvas
na página se confundem
com o fundo.


PORTO-ME ESTANDARTE
minha bandeira minha pele
não me cabe hastear-me em dias de parada
um século de hipocrisia após
minha bandeira minha pele
não vou enrolar-me, contudo
e num canto
acobertar-me de versos
minha bandeira minha pele
fincado estou na terra que me pertenço
fatal seria desertar-me
alvuras não nos servem como abrigo
sem perigo
lágrimas miçangas
enfeitam o país
a iludir o caminho
em procissões e carnavais
minha bandeira minha pele
o resto
é gingar com os temporais.



segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O mais conhecido estilo brasileiro: o Samba

O samba é um gênero musical que surgiu da mistura de estilos musicais de origem brasileira e africana. É tocado com instrumentos de percussão (tambores, surdos, timbau) acompanhados por violão e cavaquinho. Geralmente, as letras contam a vida e o cotidiano de quem mora nas cidades, com destaque para as populações pobres. No Brasil, acredita-se que o termo samba foi uma corruptela de semba (umbigada), palavra de origem africana - possivelmente oriunda de Angola ou Congo, de onde vieram a maior parte dos escravos do Brasil.

As raízes desse estilo foram fincadas em solo brasileiro na época do Brasil Colonial, com a chegada da mão-de-obra escrava em nosso país. O samba de roda nasceu no Recôncavo Baiano e levado na metade do século XIX para a cidade do Rio de Janeiro pelo negros que migraram da Bahia e se instalaram na capital do Império. Na sua "nova" cidade, e Brasil afora, o ritmo tomou formas diferentes em vários locais do país, tendo como principal tema a vida urbana.

O primeiro samba gravado no país foi Pelo Telefone, no ano de 1917, cantado por Bahiano. A letra foi escrita por Mauro de Almeida e Donga. Tempos depois, o samba toma as ruas e espalha-se pelos carnavais do Brasil. Neste período, os principais sambistas são: Sinhô Ismael Silva e Heitor dos Prazeres.

Abaixo, temos o vídeo com o áudio desse primeiro samba:


Os grandes sambistas e compositores da década de 1930 a 1970 e 1980 são: Noel Rosa, Cartola, Dorival Caymmi, Ary Barroso, Adoniran Barbosa, Paulinho da Viola, Jorge Aragão, João Nogueira, Beth Carvalho, Elza Soares, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Chico Buarque, João Bosco, Aldir Blanc, Pixinguinha, Ataulfo Alves, Carmen Miranda (sucesso no Brasil e nos EUA), Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho, Lupicínio Rodrigues, Aracy de Almeida, Demônios da Garoa, Isaura Garcia, Candeia, Elis Regina, Nelson Sargento, Clara Nunes, Wilson Moreira, Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim e Lamartine Babo.

O dia Nacional do Samba é comemorado em 2 de dezembro. A data foi criada por iniciativa de um vereador de Salvador, Luis Monteiro da Costa, em homenagem a Ary Barroso, que havia composto Na Baixa do Sapateiro, embora sem ter conhecido a Bahia. Assim, 2 de dezembro marcou a primeira visita de Ary Barroso a Salvador. Inicialmente, o Dia do Samba era comemorado apenas em Salvador, mas acabou transformado em data nacional.

Em 2007, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) declarou o samba um Patrimônio Cultural do Brasil.

Principais tipos de samba:
* Samba enredo - Surge no Rio de Janeiro em 1930. O tema está ligado ao assunto que a escola de samba escolhe para o ano do desfile. Geralmente segue temas sociais ou culturais. Ele que define toda a coreografia e cenografia utilizada no desfile da escola de samba.



* Samba de partido alto - Com letras improvisadas, falam sobre a realidade dos morros e das regiões mais carentes. É o estilo dos grandes mestres de samba. Os compositores de partido alto mais conhecidos são Moreira da Silva, Zeca Pagodinho e Martinho da Vila.



* Pagode - Nasceu na cidade do Rio de Janeiro nos anos 70, ganhou as rádios e pistas de dança na década seguinte. Tem um ritual repetitivo e utiliza instrumentos de percussão e sons eletrônicos. Espalhou-se rapidamente pelo Brasil graças às letras simples e românticas. Os principais grupos são, atualmente, Fundo de Quintal, Revelação, Jeito Moleque e Sorriso Maroto.

* Samba-canção - Surge da década de 1920, com ritmos lentos e letras sentimentais. Um exemplo é Ai, Ioiô (1929), de Luís Peixoto.

* Samba carnavalesco - Marcinhas e sambas feitas para dançar e cantar nos bailes carnavalescos: Abre Alas, Aurora, Balancê, Cabeleira do Zezé, Bandeira Branca, Chiquita Bacana, Colombina, Cidade Maravilhosa, entre outras.

* Samba-exaltação - Com letras patrióticas e ressaltando as maravilhas do Brasil, com acompanhamento de orquestra. Exemplo: Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, gravada em 1939 por Francisco Alves.

* Samba de breque - Este estilo tem momentos de paradas rápidas onde o cantor pode incluir comentários, muitos deles em tom crítico ou humorístico. Um dos mestres deste estilo é Moreira da Silva.

* Samba de gafieira - Foi criado na década de 1940 e tem acompanhamento de orquestra. Rápido e muito forte na parte instrumental, é muito usado nas danças de salão.



* Sambalanço - Surgiu nos anos 50 em boates de São Paulo e Rio de Janeiro. Recebeu uma grande influência do jazz. Um dos mais significativos representantes do sambalanço é Jorge Ben Jor, cujo trabalho também mistura elementos de outros estilos.


domingo, 6 de dezembro de 2009

Dança Batuque

Neste post iremos nos afastar um pouco dos costumes afro brasileiros no Nordeste e vamos mostrar que em outras regiões também é possível encontrar influências africanas. Iremos mostrar a criação da dança Batuque, e em quais estados ela está presente atualmente.

Batuque era uma dança que compunha um ritual de fertilidade, que veio para o Brasil no período colonial junto com os negros africanos. Nessa época, os portugueses consideravam batuque qualquer tipo de dança praticada pela comunidade negra. Na região Norte, o Batuque enraizou-se principalmente no Pará e no Amazonas, onde a palavra batuque também serve para designar práticas religiosas afro brasileiras.

Hoje, no Rio Grande do Sul, o batuque é conhecido como uma cerimônia religiosa muito semelhante ao candomblé baiano ou a macumba carioca ou paulista. Já no estado de São Paulo é dança de terreiro, onde estão presentes os "membranofônicos": tambu, quinjengue ou mulemba, e os idiofônicos: matraca e guaiá. A região batuqueira paulista localiza-se no vale do Médio Tiête, abrangendo alguns municípios como Tiête, Porto Feliz, Laranjal, Pereiras, Capivari, Botucatu, Piracicaba, Limeira, Rio Claro, São Pedro, Itú, Tatuí. Em Campinas era chamado caiumba, segundo registros de Carlos Gomes.

Em Botucatu, até 1920 havia os batuques no Largo do Rosário, no dia 13 de maio. Em são Carlos ficaram famosos os batuques do Cinzeiro, o bairro da Bola Preta, por causa da população negra e pobre que ali residia.

Batuque e samba tornaram-se dois termos generalizados para designar a dança profana dos negros, no Brasil. Mas em outros pontos, tomavam designações regionais, por influência desta ou daquela tribo negra, que forneceu um maior contingente de escravos a esses pontos.


Assista abaixo 2 vídeos referentes ao batuque paulista:





sábado, 5 de dezembro de 2009

Sabor afro brasileiro

A culinária do Brasil tem fortes influências africanas. Comentar sobre as delícias gastronômicas do nosso país é dar espaço aos toques marcantes da África. A cozinha dos negros se formou no Nordeste brasileiro, mas teve sua verdadeira origem no Recôncavo Baiano. E nessa região - do mar às portas do sertão - foi se formando a chamada "cozinha baiana" ou "cozinhas do azeite", numa referência ao azeite de dendê, um de seus ingredientes básicos. O óleo é extraído da polpa do fruto da palmácia Elaeis guineensis.

Abaixo, eis a lista de alguns pratos presentes na culinária afro brasileira:

* Abará - Bolinho de origem afro brasileira feita com massa de feijão fradinho temperada com pimenta, sal, cebola, azeite de dendê, algumas vezes com camarão seco misturado à massa, que é embrulhada em folha de bananeira e cozida com água.

* Acarajé - Bolo de feijão-macaça temperada e moída com camarão seco, sal e cebola frito com azeite de dendê.

* Mungunzá - Alimento preparado com milho em grão e servido doce (com leite de coco) ou salgado (com acompanhamento de carne de sal ou torresmo) com leite.

* Vatapá - Papa de farinha de mandioca com azeite de dendê e pimenta, servida geralmente com caruru, peixe e crustáceos.

*Arroz-de-hauçá - Arroz cozido apenas na água, que pode ser servido com picadinho de carne-seca frita com molho de pimenta.

*Bobó - Pequeno bolo de massa de feijão mulatinho cozido em água, com sal e banana da terra, a que se junta azeite de dendê, podendo ser comido com farinha de mandioca. Atualmente, utiliza-se a própria mandioca para fazer, por exemplo, o bobó de camarão.

*Caruru - Comida feita a base de quiabo cortado, fervido e temperado camarões secos, azeite de dendê, cebola e pimenta.


Claro que não podemos esquecer da nossa famosa feijoada, o prato brasileiro mais conhecido mundialmente. Este delicioso prato surgiu nas senzalas, feitas pelos escravos que cozinhavam o feijão nas horas de seus intervalos e aproveitam os restos de porco (rabinho e pés) jogados fora pelos seus senhores.



Imagens de alguns pratos:









sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Dica para o final de semana: Africantar.

O mês de novembro foi recheado de eventos culturais sobre a consciência negra e debates sobre o negro no Brasil. Dezembro não poderia chegar sem novidades nesse campo, e aqui estamos nós para dar uma dica legal para o final de semana: o show Africantar.

Resultado de pesquisas musicais desenvolvidas na Escola de Canto Popular da professora e cantora Ana Paula Albuquerque, Africantar propõe um mergulho musical na história e na ancestralidade afro-brasileira. No repertório, releituras contemporâneas de canções originárias principalmente da década de 60, com destaques para o grupo baiano Os Tincoãs e para os Afro-Sambas de Vinicius de Moraes e Baden Powell.

Africantar contará ainda com a participação mais que especial do cantor e compositor Mateus Aleluia, o único integrante vivo do grupo Os Ticoãs e que será homenageado durante os shows.

Os Tincoãs, grupo baiano da cidade de Cahoeira, conquistaram o Brasil com a beleza e a harmonia de suas vozes e pela excelência do seu repertório, com a adaptação de cantos do candomblé, samba de rodas e cantos sacros católicos, em arranjos com características de coral, tendo como base apenas quatro instrumentos: violão, atabaque, agogô e cabaça.

Evento: Show Africantar
Data: 6/12/2009
Local: Theatro XVIII
Endereço: R. Frei Vicente, 18 Pelourinho
Horário: 20h
Valor: R$5


Vale a pena conferir!!
Axé para todos e bom final de semana ;).

A estreira relação de Carybé com a Bahia.

Falar sobre Artes Plásticas na Bahia é ter um argentino naturalizado no Brasil. Não entendeu? Pois bem, estou falando de Hector Julio Páride Bernabó, o imortal Carybé. Recebeu este apelido do Grupo de Escoteiros do Clube do Flamengo, quando mudou-se para o Rio de Janeiro. Em 1938 veio para Salvador e se fixou até o fim da vida.

Fez mais de cinco mil trabalhos entre esculturas, desenhos e esboços. O que chama atenção no trabalho desse artista é a linha, o espaço e o volume basicamente. Um fato curioso, na sua pintura, se dá com a presença de pessoas, animais e objetos dentro de caixas e formatos geométricos, em cantos específicos da tela. Em seu trabalho também é possível destacar diversos murais, os quais estão espalhados pelo mundo: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Montreal, Nova York e Buenos Aires. Ilustrou livros de Jorge Amado e de Gabriel Garcia Marquéz, e recebeu o título de obá de Xangô, posto honorífico do candomblé.

Freqüentador assíduo de terreiros de candomblé, faleceu no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá durante uma sessão sessão, aos 86 anos.

Atualmente é possível encontrar uma parte da obra de Carybé no Museu Afro-Brasileiro de Salvador. São 27 painéis representando os orixás do candomblé da Bahia. Cada prancha apresenta um orixá com suas armas e animal litúrgico. Também é comum encontrarmos algumas representações na cidade das obras de Carybé, outros artistas usaram como base seus desenhos e criaram outros.

Algumas obras de Carybé:

"De Tardinha"

















"Sertão"



"Vadiação"



"Batucada"